domingo, 5 de outubro de 2008

Gustavo Bécquer

Apanhei este poeta espanhol, Gustavo Adolfo Bécquer,
do séc XVIII...numa leitura ocasional de um jornal espanhol.. desfrutenlo

RIMA LVI

Hoy como ayer, mañana como hoy,
¡y siempre igual!
Un cielo gris, un horizonte eterno
y andar... andar.

Moviéndose a compás, como una estúpida
máquina, el corazón.
La torpe inteligencia del cerebro,
dormida en un rincón.

El alma, que ambiciona un paraíso,
buscándole sin fe,
fatiga sin objeto, ola que rueda
ignorando por qué.

Voz que, incesante, con el mismo tono,
canta el mismo cantar,
gota de agua monótona que cae
y cae, sin cesar.

Así van deslizándose los días,
unos de otros en pos;
hoy lo mismo que ayer...; y todos ellos,
sin gozo ni dolor.

¡Ay, a veces me acuerdo suspirando
del antiguo sufrir!
Amargo es el dolor, ¡pero siquiera
padecer es vivir!


Gustavo Adolfo Bécquer

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Chamem a à SAI

Hoje fiquei espantado ao ver a televisão. Durante uma entrevista num dos telejornais da TV uma senhora foi entrevistada. Esta trabalhava numa sala de mercados de uma qualquer instituição financeira. A entrevistadora perguntou-lhe o que ela fazia (ou qualquer coisa do género). Resposta:
Não sei explicar o que faço. Digo também o mesmo aos meus filhos.

Mandem-na para Wall Street . Já!

domingo, 28 de setembro de 2008

Eventualmente as últimas do ano


GOSTO MUITO

Muitas vezes deparo-me com criaturas que parecem não gostar de nada e ainda, por cima, dizem mal de tudo.

Lembro-me de uma situação que presenciei numa padaria (vulgo minimercado português onde se pode também tomar o pequeno almoço) do Rio de Janeiro, na Rua Marquês de Abrantes (http://www.bairrodocatete.com.br/abrantes.html), lá para o bairro Flamengo.

Estavam 4 senhoras falando. Percebi que 4 amigas. Três falavam; falavam de tudo, mas de tudo que não gostavam. E não gostavam de muita coisa. Para não dizer que não gostavam de nada. A conversa ia desde cenoura cozida (que eu também não gosto) à cor da pasta de dentes que o marido usava. Parecia que elas não gostavam de nada.

Mas o estranho desta conversa estava na quarta senhora, a que não falava. Apenas ouvia. E esse comportamento fez-me estar atento. Felizmente que o fiz. De repente, “ a quarta” dispara como um sniper. Certeiro o seu tiro (como todos os snipers). Diz” eu só não gosto que me façam mal”.

Esta colocação fez-me escrever algumas coisas de que eu gosto. Que eu não devo esquecer que gosto e, parece-me que de vez em quando, esqueço-me que gosto.


GOSTO MUITO

da lua e do sol,
do silêncio,
dos dias que não acabam,
de abraços,
daqueles que sorriem no elevador,
das pessoas que sorriem,
de pessoas autênticas,
das janelas abertas sobre o rio,
de janelas abertas,
de quadros nas paredes,
de fotografias de pessoas,
da cor do fogo,
de comer à mão e lamber os dedos,
de contemplar as estrelas no céu deitado numa rede,
do sol pela manhã,
do barulho do mar ao entardecer,
de coincidências e surpresas,
de ver pessoas felizes,
de olhos e bocas que riem,
de cidades com rio,
de cidades com praia,
de Lisboa, do Rio de Janeiro,
de estar calado,
de jantares improvisados,
de, às vezes, ficar abstracto,
de discos, de livros, de jornais, de revistas,
de ler o jornal na esplanada,
de certas rotinas e de não ter rotina nenhuma,
da praia, da areia, das ondas, do sol, da água,
de acordar tarde,
de me esquecer das horas,
de olhar as pessoas,
dos sorrisos inocentes das crianças,
de ver crianças a brincar na rua (cada vez mais difícil),
de histórias de pessoas,
de pessoas positivas,
da lua só com uma estrela,
de ficar em casa, embalado no seu ritmo ,
de sonhar acordado,
de encontrar os amigos,
de saber que tenho muito (e de muita coisa) para aprender
de passeios sem destino,
de passeios de moto,
que me tratem por “tu”,
de ouvir os pais a tratar os filhos por “tu”,
de restaurantes novos,
de listas de restaurantes,
de quem cozinha bem.


Se o Tempo não pára, não pare você também

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Não gosto também de não ter tempo para estar com os amigos

NÃO GOSTO NADA

A ideia não é, a apresentação muito menos...talvez os desejos também não o sejam...
mas é um pouco de revolta sobre várias coisas, várias indiferenças do meu dia a dia e de saudades de algumas pessoas que já perdi ou que se encontram longe

NÃO GOSTO NADA

de arrogantes, convencidos e mal educados,
de desconfiados de tudo e de todos,
de carros na rua a bloquear outros carros e a impedir que os pedestres circulem,
daqueles que fazem da rua o seu cinzeiro e a sua lixeira (e tantos amigos meus que o fazem)
de cocó de cão nas ruas e passeios (e eu convivo com isso na minha rua),
de gestos ensaiados,
de conversas sobre ausentes,
de ver sofrer,
de me sentir impotente,
de pessoas que se julgam,
dos que discriminam, excluem, dividem e apontam,
de falsos esquecimentos,
de picuinhas e chatos e já agora de perfeccionistas,
dos desmancha prazeres,
dos que se levam demasiado a sério,
dos que levam a vida pouco a sério,
das pessoas que não sabem ouvir,
dos que se bastam a si próprios,
da indiferença e falta de educação dos elevadores,
da falta de escrúpulos,
de ver os velhotes de pé nos transportes públicos,
de ficar longe dos que amo,
de algumas modas,
das pessoas que se atrasam sempre e daqueles que se desculpam a todas as horas,
de chegar tarde,
da incapacidade de pedir desculpa,
dos que não perdoam,
dos que não riem,
dos esponjas,
dos que riem amarelo,
dos que só pensam em si mesmos,
dos mal educados,
dos carreiristas,
dos que nunca se embebedaram,
dos xico espertos,
da cobardia,
de roupa desconfortável ou séria,
de regras para tudo,
de cheiro a comida na roupa, no cabelo,
dos que não sabem guardar segredos,
de piadas de mau gosto,
de trapalhadas e confusões entre amigos,
de coisas que ficam (ou parecem ficar) por dizer,
de espíritos pouco livres,
de falta de horizontes,
de meias tintas,
de perder pessoas queridas,
dos que não falam a verdade,
de pipocas e coca colas no cinema,
de não poder ir à praia todas às quintas feiras,
de tantas outras coisas.,

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Custo de Oportunidade e os Copos de Água

Custo de Oportunidade e os Copos de Água

Keywords: Custo de Oportuniadade, Clientes, Serviço

Há um conceito da economia que devia ser ensinada na escola….logo desde os primeiros anos. Falo do Custo de Oportunidade. Mas o que é isto do Custo de Oportunidade (http://pt.wikipedia.org/wiki/Custo_de_oportunidade?). É o que se perde por termos optado por um outro bem, serviço, etc.

Na nossa vida o Custo de Oportunidade é algo com que nos deparamos constantemente. A todo o momento temos que tomar opções. Opções profissionais, de lazer, sentimentais, de preguiça… e muitas vezes essas decisões não têm retorno. Às decisões tomadas… sucedem-se consequências. Mesmo a não decisão, se assim se pode chamar, é uma decisão… escolhemos, porventura, demitirmo-nos da responsabilidade da escolha.

Mas vamos ultrapassar estas definições e ir para algo mais concreto. Algo que eu (e vocês) tenho vivido, infelizmente com alguma regularidade.

Falo-vos de uma atitude “revolucionária” nos serviços de restauração que é: “Não servimos copos de água à mesa”. Muitas vezes este comportamento também è aplicado ao balcão.

Apesar de a situação que vos vou descrever ser bem diferente, lembro-me de ouvir, desde pequeno, que água não se nega a ninguém. Quando em criança passava horas e horas a jogar à bola, matávamos a sede tocando à porta das vizinhas e pedindo copos de água ou íamos todas a correr a casa de um de nós ou ao café mais próximo matar a sede.

Mas voltando à minha idade adulta. Tenho por hábito beber sempre o café com um copo de água e espanta-me a insensibilidade dos gerentes, empregados de mesa ou outra qualquer função que possa haver e que tenha contacto com o público consumidor e não satisfaça um pedido tão simples por parte do seu Cliente. Será que estamos perante uma McDonalização do serviço…vamos ao balcão, levamos o tabuleiro para a mesa e ainda, no final, a limpamos. Muitas vezes esta informação, a dos copos de água, aparece com um sonante “Não servimos copos de água às mesas”. Parece-me que um “Não” na percepção de um potencial consumidor, o afasta .

Também tenho tido como resposta: “Não estamos autorizados a servir copos de água à mesa”. Fico logo com vontade de interpelar o gerente…infelizmente, nunca o fiz.

Gostaria de confrontar os gerentes destes espaços comerciais com o conceito de Custo de Oportunidade. Será que eles sabem o que é? Qual o alcance, direi antes, repercussão sobre o seu negócio.

Eu digo-vos qual tem sido a minha atitude. Levanto-me e abandono o café. Dificilmente voltarei lá. Acredito que muitos Clientes também têm este comportamento. E há hábitos que se mantêm. Eu beberei sempre café com copo de água. Nem que seja em casa.