terça-feira, 18 de novembro de 2008

Como é bom ser criança

TÃO BOM QUE É SER (E CONSEGUIR SER) CRIANÇA


Recentemente, em mais um encontro dos meus antigos colegas da minha equipa de rugby (Clube de Rugby São Miguel - http://crsmiguel.blogspot.com) soube que dos meus amigos, daqueles que ainda me tratam por um dos meus nomes de imberbe, Ló, tinha adoptado duas crianças (um casal).

Ele, o mais velho de 8 irmãos, estava habituado a ter a casa cheia e, pelo facto de não ter filhos, resolveu adoptar dois. No meio da conversa ele liberta uma expressão de pura emoção e satisfação (dele e de todos os que o ouviam). Diz-nos: “Sabem, foi a melhor coisa que fiz na vida”. Não tenho dúvidas. Deve ser uma sensação única de entrega adoptar crianças… sobretudo, quando vivenciamos toda a violência que é praticada sobre as crianças. O caso da menina que se divorciou aos 10 anos é só mais um caso. Infelizmente, estas práticas não são apenas praticadas “sobre” os mais novos. Parece que os mais velhos, os nossos pais e avós, também têm vindo a sofrer desta falta de moral. E essa violência é praticada por nós, aqueles que pertencem à minha geração e não só.

Mas a história continua. Para uma criança adoptada deve ser-lhe difícil o vazio que tem sobre o seu nascimento, do porquê da sua adopção…e muito mais “coisas” que eu não sei sequer imaginar ou colocar-me no lugar deles…

Contava também esse meu amigo que uma vez, a mais nova, interpelou o mais velho de como eles tinham aparecido lá em casa. Resposta pronta: “Não te incomodes com isso. Diz que vieste de táxi”.

Parece que continuamos a ter muito que aprender com as crianças. Quer na sua ingenuidade, quer nas respostas prontas e sem malícia.

É sabido que um dos modos de estimular a nossa criatividade é fazer uma regressão à nossa idade de criança. A idade que nos permitia sonhar e divagar … e isso cada dia se tem menos na nossa vida!

Adenda:
Sou um privilegiado. Entre vários outros aspectos, tenha a sorte de conviver e ensinar a umas duas dezenas de pequenos e valentes jogadores de rugby, meus amigos, os fundamentos do jogo, mas não é só isto.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Pequeno-almoço

Tenho por hábito tomar o pequeno-almoço de domingo no Centro Comercial Roma. Apenas porque ganhei o hábito de lá comprar o jornal… e é por lá também que cometo um dos meus pecados da semana…como um caracol acompanhado por um galão. Gosto de “desfiar” este bolo e comer por último o seu “núcleo”. Mas o que é a vida sem alguns pecados…?

Muitas vezes tenho, por lá, a companhia de uma senhora com cerca de 70 anos. Quando lá vou procuro-a sempre com o olhar. Fico contente quando a vejo. Acho-a parecida com a minha mãe. Ontem fiz isso, procurei-a… não se encontrava.

Ah, ontem fez 5 anos que a minha mãe faleceu.

domingo, 9 de novembro de 2008

O Monstro das bolachas ou a Hidra de Lerna


Os vários nomes do Monstro das Bolachas ou a Hidra de Lerna


Dei comigo outro dia a olhar para um cartaz da Rua Sésamo. O espectáculo vai andar por Lisboa….e logo me lembrei do Monstro das Bolachas. Recaída mental para as bolachas de baunilha que tanto gosto ou para o célebre Monstro das Bolachas? Acho que para ambos.

Esta personagem da Rua Sésamo preencheu o imaginário de muitos de nós…em muitos lugares, em várias gerações. Era um monstrozinho inofensivo e simpático, que vociferava “Bolachasssssssss” … mas ele apenas devorava bolachas… ao contrário de outros que andam por aí, a parasitar e a devorar ou sonegar tudo o que apanham, vêm ou bem pior…

Como se sabe, hoje em dia aparecem-nos outros monstros. Falo do suprime e de outros primes e primos. Na verdade, há vários primes e primos que pululam e sugam a nossa sociedade… que aparecem metamorfoseados.

Alguns deles subsistem pelo facto de nós gostarmos pouco de protestar… de comermos e calarmos… de levarmos os nossos protestos apenas ao vizinho do lado ou para dentro de casa, ou seja, de fazermos muito pouco para mudarmos a situação. Também, por sermos uma sociedade onde tudo leva tempo, muito tempo, para se tomar alguma decisão, alimenta o nosso Monstro das Bolachas. Claro que a ausência de uma aposta séria em ensino de qualidade, alicerçada em valores cívicos e sociais, mais uma, vez faz vir à tona os primes, primos e herdeiros nefastos.

É indesmentível que o monstro de hoje tem várias cabeças. Umas delas pensantes, outras menos, mas todas a incomodar (
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hidra_de_Lerna
). As suas cabeças podem ter vários nomes….porque não pegar nos nomes dos ministérios e baptizar essas cabeças. Ela pode ser a Saúde, Justiça, Obras Públicas, o Ensino, etc…mas também temos outras menos generalistas, mas presentes no dia-a-dia de todos, tais como: civismo, educação, bom senso, companheirismo… etc. No entanto, estas maléficas cabeças não podem fazer com que tracemos um caminho e tentemos, com mais ou menos desvios de percurso, chegar ao nosso objectivo.

Sabemos que é uma altura de crise. Esta emana de todos os lados…no entanto, convém não esquecer que há quem esteja em crise, entenda-se, desespero desde que nasce até que morre. Falo daqueles que nascem pobres, vivem pobres, morrem pobres… sem nunca conhecerem outro estado e isso passa-se, porventura, na nossa sociedade. Mas falo também do que se passa em África e em outros lugares do mundo… lugares esses onde os primos (ricos) parecem não se incomodar. Eles e nós.

PS: A) Por estes dias saiu a sentença da nossa Senhora “ Fátima de Felgueiras”. Três anos e tal de pena suspensa…Não sei ao certo todos os contornos do caso…mas quero acreditar no velho adágio popular: “não há fumo sem fogo” (http://www.ciberduvidas.com/idioma.php?rid=1499). E aqui parece que o fogo foi extinto indevidamente.

B) Ontem assistimos a uma manifestação de cerca de 120.000 professores. Eles queixam-se de várias coisas. Uma delas é o método de avaliação de carreira. A Ministra diz que não se assusta, que já viveu dias piores. Não sei quem tem mais razão… se este tipo de mensuração faz sentido… uma balança com dois pratos… sei de certeza que quem sai a perder, neste momento, são os alunos.

sábado, 8 de novembro de 2008

Manifestação dos professores

Andam 120.000 professores pela rua... numa manifestação gigantesca...e a ministra diz que "nã passa nada"... que já teve dias mais difíceis....
Na verdade não sei bem o problema que contrapõe os professores e a Ministra...sei que todos os anos temos contestações.
Algo que mal de passou quando disseram aos docentes que o emprego era para toda a vida... vivi também um pouco com a ideia que nos passavam... não arranjas emprego, vais para o ensino... mas uma Ministra não pode ser cega a este ponto. andarem 120.000 prof´s pela rua...a protestarem

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Quentes e boas

Quentes e boas... já andaram pelas minhas mãos esta temporada. Para já, apenas uma dúzia ....aproveito para vos lembrar que lá para Marvão vai a haver este fim de semana "XXV Festa do Castanheiro-Feira da Castanha".
Vejam: www.cm-marvao.pt
Acho que vou lá este ano


Acho que vou lá

domingo, 2 de novembro de 2008

Aprendizagens

O que a aprendizagem e a curiosidade pode fazer e faz por nós.
Texto "roubado" à net.... não sei muito bem a quem... mas muito interessante.


I

Ando pela rua.
Há um buraco ao fundo da rua.
Caio nele.
Estou perdido, … impotente.
Não é culpa minha.
Demoro muito para encontrar a saída.

II
Caminho pela mesma rua.
Há um buraco ao fundo da rua.
Finjo que não vejo.
Caio nele novamente.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Demoro ainda muito para encontrar a saída.

III
Caminho pela mesma rua.
Há um buraco ao fundo da rua.
Vejo que ele está lá.
Caio nele… é um hábito… mas os meus olhos estão abertos.
Sei onde estou.
A culpa é minha.
Saio imediatamente.

IV
Caminho pela mesma rua.
Há um buraco ao fundo da rua.
Contorno-o.

V
Caminho por uma rua diferente.

Felicidades

Felicidade


Montanhas azuis com neve e água azul, fria e turbulenta –

Um céu selvagem repleto de estrelas que nascem

E Vénus e a lua quase cheia quando o sol nasce.

Gaivotas que seguem um barco a motor contra o vento,

Árvores com ramos e raízes no ar;

Sentado ao sol ao meio-dia

Com um furioso fumo da nuvem que sai da chaminé da cabana,

Águias ao vento como se fossem uma,

Andorinhas do mar que vão e vêm

Uma nova espécie de tabaco às onze,

E o meu amor que regressa no autocarro das quatro –



Meu Deus, por que é que nos deste tudo isto?



Malcolm Lowry,

In Outros Poemas do Álcool e do Mar