quinta-feira, 24 de abril de 2025

"Todos, Todos, Todos" vs. "Alguns, Poucos, Selecionados"

Vespa Jorge Mario Bergoglio

 

Vivemos momentos “engraçados”. Alguns muito preocupantes e muitos outros que nos enchem de esperança. 

 Mas vamos lá enquadrar o título com a actualidade, mês de Abril de 2025 e duas das personagens mais marcantes da actualidade, o Papa Francisco e o Presidente Donald Trump. 

 Enquanto o Papa Francisco proclama seu "Todos, todos, todos" como um manifesto de braços abertos à humanidade, os Estados Unidos (e alguns pela Europa, inclusive Portugal) parecem ter adoptado uma versão diferente : "Alguns, poucos e muito seleccionados". 

 O Papa prega sobre pontes; os EUA especializam-se em muros. Francisco fala da dignidade universal; os políticos americanos debatem intensamente qual detector de mentiras é mais eficaz. Talvez o problema seja simplesmente de tradução. 

Vamos lá explicar: Quando Francisco diz "todos", o tradutor americano traduz para "todos que possam contribuir para o PIB". Deve ser isto. 

No final, talvez a verdadeira ironia seja esta: Por um lado tínhamos um líder ancião a defender um futuro mais inclusivo. Do outro temos uma nação jovem, nascida e povoada por emigrantes, a procurar negar um passado que teve na sua origem e da sua democracia 

 Esta tensão ilustra dois entendimentos fundamentalmente diferentes sobre comunidade e pertença: um baseado na inclusão universal e outro em definições mais limitadas de quem pode pertencer plenamente à sociedade. 

 Naturalmente que o “Todos, todos, todos” encerra muitos problemas e um esforço enorme. 

Uma imigração sem estruturas adequadas de recepção, integração e suporte cria desafios gigantes tanto para os migrantes quanto para as comunidades receptoras. Temos que respeitar todos. Aqueles que chegam e aqueles que já lá estão. 

 Mas o mundo foi feito destes movimentos de pessoas… 


 Nota 
 Nao sou religioso, apesar de educado na religião cristã e de ser baptizado. 

 Esta pequena prosa é um singelo elogia ao Papa Francisco. Ele era um desses raros homens bons. Falava do bem com uma coragem tranquila, como quem sabe que não precisa de gritar e gesticular para ser ouvido. 

 Chamo-me João Paulo. Nome escolhido em homenagem a dois papas: João XXIII e Paulo VI — dois homens que abriram portas, que procuraram diálogo, que ousaram mudar. Talvez o nome pese. Talvez me inspire. 

 Nestes tempos temos que reforçar que a bondade ainda importa mais

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Papa Francisco

Papa Francisco

 


Quis que a sua última aparição fosse na Páscoa.  Para quem é católico terá uma simbologia ainda maior

O Papa Francisco era uma pessoa singular

Era Atento

Era Inspirador

Era de Gestos Simples

Foi resistente às adversidades.

A vida, que tantos atravessam sem verdadeiramente a sentir, que muitos encaram como mera sequência de obrigações, essa vida ganha significado quando temos um exemplo como o Papa Francisco.

Olha por nós Jorge  Mário Bergoglio, que bem precisamos.


sexta-feira, 18 de abril de 2025

A Páscoa

Vespa Páscoa 



A Páscoa, para muitos de nós que não seguimos caminhos religiosos, carrega, mesmo assim, um significado especial. 

 Quando vejo as famílias a reunirem-se, as crianças a correrem atrás de ovos coloridos, ou amigos a partilharem uma refeição especial, encontro um momento que deve sempre estar presente e repetir-se: o da celebração e a amizade , suportada em rituais, que devem sempre existir. 

 Defender a tolerância, neste contexto, significa reconhecer que não precisamos partilhar as mesmas crenças para respeitar a importância que esta data tem os outros. 

A compreensão dos símbolos - sejam eles religiosos ou culturais - carregam histórias e emoções que merecem ser honradas, mesmo quando não as adoptamos. Num mundo tão dividido por dogmas e certezas disparatadas, espero que ainda exista espaço para que todos, religiosos e não-religiosos – perceber que podemos e temos todos de coexistir. 


 Boa Páscoa

quarta-feira, 16 de abril de 2025

A TESOURA DE TRUMP

A tesoura de Trump 


“A felicidade da vida depende da qualidade de nossos pensamentos” Imperador Marco Aurélio


Começo por uma imersão na história do século passado. 

Refiro-me às interferências governamentais nas universidades durante os regimes de Hitler e Estaline oferecem-nos paralelos históricos perturbadores. Tudo, nessa altura, foi mais extremado, mais violento...

Na Alemanha nazi, Hitler não se ficou apenas por cortes nas verbas — foi direto à purga. Quando chegou a Chanceler, em 1933, as universidades alemãs, até então mundialmente respeitadas, foram forçadas a demitir académicos judeus e/ou opositores políticos. Rapidamente, estas instituições transformaram-se em centros de propaganda nazi.


Queima de livros na Alemanha nazi

Na União Soviética de Estaline, as universidades foram submetidas ao que se pode chamar de uma “revisão curricular”. O mesmo que o "democrata" Putin continua a fazer. Em ambos os regimes, departamentos inteiros foram encerrados, bibliotecas censuradas, e professores não só demitidos, mas muitas vezes enviados para campos de concentração ou para aquela célebre invenção soviética: os Gulags.

E agora, Putin. A interferência nas universidades segue um caminho mais gradual e sofisticado — coisa de quem já foi espião. O controlo não se manifesta por purgas, mas por meios mais subtis: o financiamento está condicionado à lealdade política.

A principal diferença para a situação actual nos EUA é, por enquanto, a escala e os métodos.

Para além do patético questionário enviado às universidades portuguesas, o Nobel da Paz Trump e os seus acólitos pretendem, entre muitas outras medidas:

• Cortes orçamentais e realocação de fundos: a administração propôs reduções significativas no orçamento do Departamento de Educação.

• Uma Ordem Executiva sobre Liberdade de Expressão: Trump alega que as universidades estão a silenciar as vozes conservadoras.

• Restrições aos estudantes internacionais: impôs políticas mais apertadas para a atribuição de vistos de estudante.

É curioso (ou talvez nem tanto) como, por vezes, um governo que apregoa "liberdade" e "inovação" decide que investir no cérebro é um gasto supérfluo. A educação, segundo Trump, parece querer apostar mais em memes do que em física quântica (que, confesso, também não percebo nada) 

Espero, esperamos, sinceramente que a história não se repita. 

Quando os líderes começam a desconfiar das universidades, dos livros e de quem pensa de forma independente, raramente procura-se e verdade ou a inovação.

É a tesoura a virar-se contra o conhecimento, contra o futuro.

O problema não é só de Trump. É a aceitação e normalização de um discurso que despreza a ciência, que não acredita na educação e levanta a bandeira da ignorância em bandeira.

"This Woman's Work" da Kate Bush é uma música profundamente emotiva e carregada de significado. Foi escrita para o filme She’s Having a Baby (1988) e toca num momento específico e angustiante da história: o parto da personagem feminina corre mal, e o protagonista é confrontado com a possibilidade de a perder.

A conclusão é vossa. 

E agora a versão de Maxwell

As versões são tão poderosas...que me presenteio com ambas.

 

segunda-feira, 14 de abril de 2025

"Branca de Neve e os Sete Anões"

Agência de serviços - Os 7 anões 


“O que não é útil à colmeia, não é útil à abelha.” Marco Aurélio

"Branca de Neve e os Sete Anões" é um filme de animação musical americano de 1937 produzido pela Walt Disney Productions. Foi baseado no conto de fadas alemão de mesmo nome dos Irmãos Grimm. Trata-se da primeira longa-metragem de animação da história do cinema.

Esta produção suscitou várias críticas. A opinião que corria é que as pessoas não iriam pagar um bilhete de cinema para verem bonecos.
Acabou por ser um sucesso de crítica e público. Arrecadou milhões de dólares. Recebeu um Oscar honorário em 1939. Este prémio especial foi atribuído a Walt Disney pela inovação e excelência artística do filme. O Oscar honorário consistia na estatueta habitual no tamanho normal e sete estatuetas em miniatura, representando os sete anões.
A animação, a música e a história intemporal do filme continua a encantar o público de todas as idades. Tanto é assim que está para muito breve a nova Branca de Neve e os 7 anões.
Os personagens são sobejamente conhecidos:
• Branca de Neve: Uma princesa gentil e bondosa que conquista a amizade dos sete anões.
• Rainha Má: A madrasta invejosa de Branca de Neve, obcecada pela beleza e pelo poder.
• Príncipe Encantado: O príncipe que salva Branca de Neve do feitiço da Rainha Má.

E os sete anões. Eram mineiros. Trabalhavam numa mina de diamantes, o que explica a riqueza e a casa confortável onde viviam. O trabalho na mina era uma parte importante de suas vidas e definia sua rotina diária. Os seus nomes são:
• Mestre
• Zangado
• Feliz
• Soneca
• Dengoso
• Atchim
• Dunga

O que me fez fantasiar e vestir os calções da meninice? Bem, o facto dos 7 anões serem uma grata memória de muitas gerações e, simultaneamente, formarem uma equipa de sucesso. Cada um tem a sua competência e, com mais ou menos ajustes ou zangas, conseguem coordenar-se.

1. Mestre (a Liderança) - O estratega que mantém o rumo certo. Analisa o mercado, ajusta as coordenadas e traça um rumo. Temos sempre de ter um guia.

2. Zangado (o Vendedor Resiliente) - Nem todos os clientes são príncipes simpáticos. Alguns são verdadeiras bruxas más. O Zangado, com a sua resiliência, sabe que a conversa não acaba no Não... Resmunga, resmunga e consegue o SIM.

3. Feliz (O Especialista em Customer Experience) - Um serviço bem-humorado ajuda a vender. O Feliz sabe (e sempre soube) que um Cliente satisfeito não só volta, como traz amigos.
Do ponto de vista neurofisiológico, o sorriso natural surge de forma espontânea. Ele acciona os neurotransmissores relacionados com a sensação de prazer e bem-estar, as tais de endorfinas. Estas têm o poder de controlar a reação do corpo à tensão, regulando algumas funções do sistema nervoso e melhorando o humor. Daí que o verdadeiro sorriso natural não seja resultado de aprendizagem ou treino olímpico, mas de uma resposta biológica automática e inata no ser humano.
Parece haver esperança neste mudo da IA para os vendedores

4. Dunga (O Aprendiz) - Apesar de ser o mais calado, o Dunga observa tudo. Tem uma visão periscópica. Ele aprende sobre tendências, sobre marketing, sobre vendas... Quem não percebe a velocidade com o que mundo gira, vai ficar para trás no competitivo e ambicioso mundo das vendas.
5. Soneca (O Guru da Automação) - Soneca faz uma gestão perfeita entre os recursos escassos que possui e o tempo que quer para si, isto é, ele trabalha de forma inteligente. Usa o CRM e e-mails automatizados. Assim não perde as leads. Assim ganha tempo para o que mais gosta de fazer, dormir.

6. Atchim (O Radar de Oportunidades) -O Atchim tem um dom. Ao farejar as oportunidades, as que são boas, ele diz Atchim. A cada ATCHIM! pode aparecer uma novidade tecnológica, uma nova oportunidade, uma legislação... e ele fala logo com um dos seus 6 irmãos.
Curiosamente conheço uma catraia que espirra quando (e só quando) o chocolate é bom.

7. Dengoso (O Rei do Networking) - The last but not the least, o Dengoso. Ele sabe e soube sempre que as vendas são baseadas em relações e confiança. Conquista os seus Clientes com charme. É um ouvinte atento e respeitador. Ele escuta e, posteriormente, cria os relacionamentos profissionais. Afinal, ninguém resiste a um profissional que realmente se importa.
E a Branca de Neve? É o Cliente, claro! Se não cuidarmos dele, vai aparecer um concorrente a oferecer um saboroso e imperdível chocolate.
E a Rainha Má? Simboliza a má concorrência. Simboliza as táticas de marketing enganosas ou ofertas aparentemente irresistíveis. Também pode encarnar a inveja do sucesso alheio.
Moral da História: No mundo das vendas e do marketing, não basta apenas ter um bom produto – é preciso ter uma equipa equilibrada, onde cada talento contribui para o sucesso.
Lição desta História: Uma equipa forte, equilibrada e com o mindset certo potencia e transforma qualquer negócio, ou, como dizem os 7 Anões: "Eu vou, eu vou..."
Uma pergunta: Que anão escolheria ser?

Buffalo Springfield - For What It's Worth - Muita gente pensa que é uma música sobre a Guerra do Vietname, mas na verdade foi inspirada por uma série de confrontos entre jovens e a polícia em Los Angeles, ligados ao encerramento de clubes noturnos no Sunset Strip. Os jovens protestaram contra a repressão e contra a repressão da polícial.

sexta-feira, 11 de abril de 2025

A Vespa 50s e a Agência Imobiliária: Primos Inesperadamente Semelhantes

BRED - Real Estate

 


A Vespa 50s e a Agência Imobiliária: Primos Inesperadamente Semelhantes

Pense na Vespa 50s como aquela boutique imobiliária que consegue infiltrar-se em qualquer bairro da cidade.
Assim como a Vespa 50s consegue deslizar por ruelas estreitas onde os automóveis ficam encravados, a BRED quer conhecer cada cantinho do mercado que outros nem sabem que existe.
"Ah, pretende uma moradia com vista para o mar, garagem para três carros a um preço espectacular”…a BRED vai tentar encontrar...
A Vespa tem aquela bagageira minúscula sob o assento. Lá podem acontecer milagres. Cabe uma mala, um capacete e talvez as esperanças de não apanhar chuva.
A BRED não quer prometer milagres, …mas esforça-se para os criar.
Quando a Vespa 50s fica sem gasolina, basta abanar o veículo e aquelas últimas gotas no depósito fazem-no chegar à bomba. É assim que a BRED funciona…vamos até à última para conseguir o que nos pedem.
E assim como a Vespa que parece frágil mas atravessa décadas mantendo o seu encanto, a BRED, apesar de ser bem mais nova, carrega consigo muita experiência e seriedade.
No final, ambas vendem a mesma coisa: liberdade e sonhos, embora uma venha com espelho retrovisor e a outra com taxas não mencionadas na publicidade.
Venha conversar connosco.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Vamos lá proteger as plantas do sol.

 

Nota falsa ...que pega fogo ao ser manuseada


Vamos lá proteger as plantas do sol...o que norteia as novas políticas americanas

Estamos perante mais um novo e brilhante capítulo da economia americana.

Ah, falo, claro, das tarifas do presidente Trump — o remédio universal para todos os males económicos. Ninguém explica exatamente porquê, e ainda assim esperam que acreditemos numa América forte e pujante… Só esqueceram de contar aos Fellow Americans que são eles quem vai pagar mais pelos produtos que compram todos os dias.

É fascinante como, após séculos de desenvolvimento da teoria económica, chegámos finalmente à grande descoberta: o caminho para a prosperidade está em cobrar mais por tudo — e por nada. Como no caso dos pinguins consumidores das Ilha Heard e Ilhas McDonald, ávidos consumidores. Trump deve ter pensado que estavam a falsificar o Big Mac.

As empresas americanas que dependem de matérias-primas importadas estão certamente radiantes com a ideia de custos mais altos. E os consumidores? Bem, quem não adora pagar mais só porque sim? "Estas tarifas fazem-nos sentir Gourmet e ricos" ..dizem os americanos.

Há algo de nostálgico — quase comovente — neste regresso às políticas comerciais do século XIX. Enquanto o mundo caminha rumo à integração económica, a grande América, bastião do comércio livre, dá passos firmes e decididos… para trás.

Por que aprender com a história, se podemos simplesmente repeti-la com entusiasmo renovado?

A verdadeira ironia é que, ao se "proteger" a indústria americana, cria-se um ambiente onde essa mesma indústria torna-se  menos competitiva no cenário global.

É como proteger uma planta do sol — feito com as melhores intenções e com resultados totalmente previsíveis.

Vamos todos aplaudir esta gloriosa vitória do posicionamento político sobre o bom senso económico.

As nossas carteiras vão ficar mais leves — mas tudo bem. Podemos consolar-nos com a imagem de Adam Smith a revirar-se suavemente na sua campa.

Parabéns, América.

________________________________________

Agora para nós, Fellow Europeans (E não digam nada àqueles idiotas americanos…)

Vamos apostar em: 

Diversificação comercial acelerada: A UE deve intensificar esforços para concluir acordos comerciais com economias-chave — Mercosul, ASEAN e revigorar os laços com a muribunda CPLP. Menos dependência de mercados instáveis, mais resiliência económica.

Investimento em sectores estratégicos: A EU pode responder com um plano coordenado de investimento para as indústrias mais afectadas.

 Diplomacia económica: Formar uma coalizão internacional com as outras economias afectadas. Falo de Canadá, México, Japão e India 

Investir em R&D e Educação: Será uma das formas mais estratégicas de contrariar tarifas americanas, especialmente no contexto actual de guerra comercial e protecionismo crescente. 

E estes caminhos, todos concomitantes: 

• Substituição de Importações

• Aumento da Competitividade Global

• Migar para Sectores de Alto Acrescentado

• Estímulo Económico Interno

Se quisermos proteger as nossas "plantas", então que seja com ciência, sol e estratégia — não com sombras populistas.


ABBA - Waterloo - Talvez a música mas emblemática do Festival da Canção.