quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Lisboa - Andar nas cidades

Andar nas cidades, e não só, pode ser uma fonte de boas e engraçadas histórias. Tive três assim de rajada, em Lisboa.

1)
Passeio-me na baixa, mais precisamente pela Rua do Ouro. Dois ou três homens estátua. Um Charlot, uma outra personagem e um, inserido numa caixa, vestido de homem-árvore ou lá o que é, rodeado de plantas e com um pombo fake na cabeça. Nesse dia era a atração da rua. Fazia tempo para um compromisso e passeio-me pela baixa. Eis que, ao aproximar-me do homem-árvore, ao meu lado, um sujeito de bigode à Cantiflas (acredito que muitos já não se lembrem quem é) murmura em voz alta ao meu lado.
- Aquele deve ser maricas.
E, sem razão aparente, vai murmurando um dialogonógolo (um monólogo dele dirigido a mim) sobre.
Quase me faz lembrar o que todos nós já fizemos, mas alguns fazem amiúde, comentar algo sobre alguém que nos acabou de cumprimentar à mesa de um restaurante e depois se afasta. Destes apontamentos saem coisas boas, coisas assim a assim e péssimos comentários que, muitas vezes, catalogam alguém injusta ou despropositadamente.
De vez em quando apetece-me rebater estes comentários urbanos, mas acredito que só iriam trazer chatices.
2)
Dia de jackpot. Fila para entregar o jogo (texto escrito no dia seguinte » nada de prémio). Tenho três ou quatro pessoas à minha frente. Oiço a conversa do "registador" para com os Clientes.
- Meu senhor, sabe, o Jocker mandou-me falar consigo. Ele disse-me...jogue em mim, jogue em mim. Não joga? Mas olhe o que o Jcker me disse ...jogue em mim, jogue...
O apostador não jogou, mas riu-se.
Outro Cliente aproxima-se e o "registador" diz, com ar de aviso. Mas o senhor não sabe que hoje vão ser 150 milhões? O apostador regista mais uma aposta. Exemplo claro de upselling.
Chega a minha vez, talvez para não ser seduzido pela lábia dele, dou-lhe os parabéns e explico porquê. E assim, lá joguei, mas com zero de prémio.
Mas aquele tipo sabe e tem graça a vender.

3)
Há quem tenha mesmo jeito para dançar e em qualquer lado. Vejo um senhor muito, muito velho. Amparado por uma bengala e por uma eventual enfermeira. Ela muito nova; a bengala não sei a idade. Ele agarrado às duas. A moça, que deveria gostar muito de dançar, à medida que ajuda o velho vai ensaiando os seus passos de samba ao ritmo da terceira idade. Tenho pena não ter fotografado ou mesmo filmado a situação. Os dois, a curtir o seu passeio, o melhor que podiam.
Gostaria de saber dançar. Acho que agora vou aprender. Assim, a minha velhice , pode ser passada a dançar (ou quase).

4)
Acrescento uma quarta. Passar pela ginginha do Rossio e tomar uma com elas. Era cedo, não dava. Mas vieram-me "sudades" dos amigos que levei lá.

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