segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Via do Infante, a via que o Infante D. Henrique não utilizaria


Via do Infante - JPM
Via do Infante, a via que o Infante D. Henrique não utilizaria

 Isto da Via do Infante faz-me lembrar uma história que a minha mãe contava. Um tal vendedor de peixe de Montemor-o-Novo quando confrontado sobre as sardinhas dizia: ”As sardinhas estão boas, estão estragadas, mas estão boas”. E assim lá ia vendendo o seu peixe a quem o queria comprar.

A  construção Via do Infante, a tal da A22, abrangida pelo quadro das SCUTS, foi uma bênção para o Algarve.  Abriu as portas do Algarve à Europa e ajudou a dinamizar o turismo doméstico e internacional. Passou a ser simples, rápido e seguro percorrer o Algarve.

A solução que havia antes era a EN125. Alguém que quisesse viajar entre Sagres e Vila Real de Santo António (ou entre qualquer ponto do Algarve) teria de a usar. Uma viagem entre as duas extremidades do Algarve só seria vencida com um dia de férias.  Acrescento: antes da Via do Infante não havia alternativa à EN125.

Esta última rodovia, pelo menos do lado do Sotavento, em 2017, está uma lástima. Sem bermas, sem iluminação, com o piso em muito mau estado, atravessando povoações, quase entrando pela sala de jantar dos algarvios…uma estrada de quem os portugueses se podem orgulhar. Ah, acrescento, para não haver dúvidas…É PERIGOSA.

Eis que a Via do Infante passou a ser paga. O movimento passou, em boa parte, para a EN125…a dita com condições excelentes e que está a piorar.  Não pretendo julgar aqui a justeza da alteração, o racional económico, seja lá o que for.  O que aconteceu foi mesmo um desvio do trânsito da A22 para a EN 125.   O que aconteceu foi mesmo uma degradação do estado das duas vias.  A paga e a não paga.

Piso em mau estado - JPM
O que espanta a todos é a sinalética do lado do Sotavento a indicar o mau estado de uma via que é paga -  “Piso em Mau Estado”.  As evidências são por demais evidentes: vários tipos de alcatrão, um rolar do carro inconstante, buracos ou quase no piso, pouca ou nenhuma iluminação…enfim, um perigo  e pago.

O curioso mesmo é que se dá um nome de Infante, aludindo ao Infante D. Henrique, a uma via cheia de percalços. 

O Infante D. Henrique, pertencente à Dinastia de Avis, escolheu o Algarve para desenvolver várias actividades. Uma delas foi a Escola de Sagres. Lá foi dinamizado o conhecimento para nos levar ao e pelo mundo. Será que o estado (mau) das ditas EN125 e A22 foi inspirado em todas as dificuldades que os navegadores portugueses tiveram de superar…é o que agora  todos os que transitam nestas vias têm de fazer!!!

João Paulo Marques
O tempo não pára, não pare você também.
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