Ao Rio Tejo (séc XVI)
Formoso Tejo
meu, que diferente
te vejo a
ti, me vês agora e viste;
turvo te
vejo a ti, tu a mim triste,
claro te vi
eu já, tu a mim contente;
a ti foi-te
trocando a grossa enchente
a quem teu
largo campo não resiste,
a mim
trocou-me a vista em que consiste
o meu viver
contente ou descontente
Já que somos
no mal participantes,
sejamo-lo no
bem. Ó quem me dera
que fôssemos
em tudo semelhantes!
Lá virá
então a fresca Primavera;
tu tornarás
a ser quem eras dantes
eu não sei
se serei quem era dantes.
(de autor anónimo)
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