domingo, 28 de setembro de 2008

Eventualmente as últimas do ano


GOSTO MUITO

Muitas vezes deparo-me com criaturas que parecem não gostar de nada e ainda, por cima, dizem mal de tudo.

Lembro-me de uma situação que presenciei numa padaria (vulgo minimercado português onde se pode também tomar o pequeno almoço) do Rio de Janeiro, na Rua Marquês de Abrantes (http://www.bairrodocatete.com.br/abrantes.html), lá para o bairro Flamengo.

Estavam 4 senhoras falando. Percebi que 4 amigas. Três falavam; falavam de tudo, mas de tudo que não gostavam. E não gostavam de muita coisa. Para não dizer que não gostavam de nada. A conversa ia desde cenoura cozida (que eu também não gosto) à cor da pasta de dentes que o marido usava. Parecia que elas não gostavam de nada.

Mas o estranho desta conversa estava na quarta senhora, a que não falava. Apenas ouvia. E esse comportamento fez-me estar atento. Felizmente que o fiz. De repente, “ a quarta” dispara como um sniper. Certeiro o seu tiro (como todos os snipers). Diz” eu só não gosto que me façam mal”.

Esta colocação fez-me escrever algumas coisas de que eu gosto. Que eu não devo esquecer que gosto e, parece-me que de vez em quando, esqueço-me que gosto.


GOSTO MUITO

da lua e do sol,
do silêncio,
dos dias que não acabam,
de abraços,
daqueles que sorriem no elevador,
das pessoas que sorriem,
de pessoas autênticas,
das janelas abertas sobre o rio,
de janelas abertas,
de quadros nas paredes,
de fotografias de pessoas,
da cor do fogo,
de comer à mão e lamber os dedos,
de contemplar as estrelas no céu deitado numa rede,
do sol pela manhã,
do barulho do mar ao entardecer,
de coincidências e surpresas,
de ver pessoas felizes,
de olhos e bocas que riem,
de cidades com rio,
de cidades com praia,
de Lisboa, do Rio de Janeiro,
de estar calado,
de jantares improvisados,
de, às vezes, ficar abstracto,
de discos, de livros, de jornais, de revistas,
de ler o jornal na esplanada,
de certas rotinas e de não ter rotina nenhuma,
da praia, da areia, das ondas, do sol, da água,
de acordar tarde,
de me esquecer das horas,
de olhar as pessoas,
dos sorrisos inocentes das crianças,
de ver crianças a brincar na rua (cada vez mais difícil),
de histórias de pessoas,
de pessoas positivas,
da lua só com uma estrela,
de ficar em casa, embalado no seu ritmo ,
de sonhar acordado,
de encontrar os amigos,
de saber que tenho muito (e de muita coisa) para aprender
de passeios sem destino,
de passeios de moto,
que me tratem por “tu”,
de ouvir os pais a tratar os filhos por “tu”,
de restaurantes novos,
de listas de restaurantes,
de quem cozinha bem.


Se o Tempo não pára, não pare você também

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Não gosto também de não ter tempo para estar com os amigos

NÃO GOSTO NADA

A ideia não é, a apresentação muito menos...talvez os desejos também não o sejam...
mas é um pouco de revolta sobre várias coisas, várias indiferenças do meu dia a dia e de saudades de algumas pessoas que já perdi ou que se encontram longe

NÃO GOSTO NADA

de arrogantes, convencidos e mal educados,
de desconfiados de tudo e de todos,
de carros na rua a bloquear outros carros e a impedir que os pedestres circulem,
daqueles que fazem da rua o seu cinzeiro e a sua lixeira (e tantos amigos meus que o fazem)
de cocó de cão nas ruas e passeios (e eu convivo com isso na minha rua),
de gestos ensaiados,
de conversas sobre ausentes,
de ver sofrer,
de me sentir impotente,
de pessoas que se julgam,
dos que discriminam, excluem, dividem e apontam,
de falsos esquecimentos,
de picuinhas e chatos e já agora de perfeccionistas,
dos desmancha prazeres,
dos que se levam demasiado a sério,
dos que levam a vida pouco a sério,
das pessoas que não sabem ouvir,
dos que se bastam a si próprios,
da indiferença e falta de educação dos elevadores,
da falta de escrúpulos,
de ver os velhotes de pé nos transportes públicos,
de ficar longe dos que amo,
de algumas modas,
das pessoas que se atrasam sempre e daqueles que se desculpam a todas as horas,
de chegar tarde,
da incapacidade de pedir desculpa,
dos que não perdoam,
dos que não riem,
dos esponjas,
dos que riem amarelo,
dos que só pensam em si mesmos,
dos mal educados,
dos carreiristas,
dos que nunca se embebedaram,
dos xico espertos,
da cobardia,
de roupa desconfortável ou séria,
de regras para tudo,
de cheiro a comida na roupa, no cabelo,
dos que não sabem guardar segredos,
de piadas de mau gosto,
de trapalhadas e confusões entre amigos,
de coisas que ficam (ou parecem ficar) por dizer,
de espíritos pouco livres,
de falta de horizontes,
de meias tintas,
de perder pessoas queridas,
dos que não falam a verdade,
de pipocas e coca colas no cinema,
de não poder ir à praia todas às quintas feiras,
de tantas outras coisas.,

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Custo de Oportunidade e os Copos de Água

Custo de Oportunidade e os Copos de Água

Keywords: Custo de Oportuniadade, Clientes, Serviço

Há um conceito da economia que devia ser ensinada na escola….logo desde os primeiros anos. Falo do Custo de Oportunidade. Mas o que é isto do Custo de Oportunidade (http://pt.wikipedia.org/wiki/Custo_de_oportunidade?). É o que se perde por termos optado por um outro bem, serviço, etc.

Na nossa vida o Custo de Oportunidade é algo com que nos deparamos constantemente. A todo o momento temos que tomar opções. Opções profissionais, de lazer, sentimentais, de preguiça… e muitas vezes essas decisões não têm retorno. Às decisões tomadas… sucedem-se consequências. Mesmo a não decisão, se assim se pode chamar, é uma decisão… escolhemos, porventura, demitirmo-nos da responsabilidade da escolha.

Mas vamos ultrapassar estas definições e ir para algo mais concreto. Algo que eu (e vocês) tenho vivido, infelizmente com alguma regularidade.

Falo-vos de uma atitude “revolucionária” nos serviços de restauração que é: “Não servimos copos de água à mesa”. Muitas vezes este comportamento também è aplicado ao balcão.

Apesar de a situação que vos vou descrever ser bem diferente, lembro-me de ouvir, desde pequeno, que água não se nega a ninguém. Quando em criança passava horas e horas a jogar à bola, matávamos a sede tocando à porta das vizinhas e pedindo copos de água ou íamos todas a correr a casa de um de nós ou ao café mais próximo matar a sede.

Mas voltando à minha idade adulta. Tenho por hábito beber sempre o café com um copo de água e espanta-me a insensibilidade dos gerentes, empregados de mesa ou outra qualquer função que possa haver e que tenha contacto com o público consumidor e não satisfaça um pedido tão simples por parte do seu Cliente. Será que estamos perante uma McDonalização do serviço…vamos ao balcão, levamos o tabuleiro para a mesa e ainda, no final, a limpamos. Muitas vezes esta informação, a dos copos de água, aparece com um sonante “Não servimos copos de água às mesas”. Parece-me que um “Não” na percepção de um potencial consumidor, o afasta .

Também tenho tido como resposta: “Não estamos autorizados a servir copos de água à mesa”. Fico logo com vontade de interpelar o gerente…infelizmente, nunca o fiz.

Gostaria de confrontar os gerentes destes espaços comerciais com o conceito de Custo de Oportunidade. Será que eles sabem o que é? Qual o alcance, direi antes, repercussão sobre o seu negócio.

Eu digo-vos qual tem sido a minha atitude. Levanto-me e abandono o café. Dificilmente voltarei lá. Acredito que muitos Clientes também têm este comportamento. E há hábitos que se mantêm. Eu beberei sempre café com copo de água. Nem que seja em casa.

sábado, 13 de setembro de 2008

Fora a ASAE; devolvam-nos o nosso picante



Picantes, piripiris, tabascos e outros condimentos. Revoltemo-nos contra a ASAE.Tenho saudades daqueles picantes caseiros que todos os tascos tinham. Um bom amigo meu, passe o pleonasmo de ser amigo e bom, dizia (lá por alturas do século passado) que a categoria dos tascos era medida pela qualidade do seu picante. Já nessa altura lhe dava razão….
Hoje, 13.9.08, estava a deliciar-me, lá para os lados de Moura, com uns excelentes “secretos de porco preto”… peço o picante e aparece-me um frasquinho do Pingo Doce. Que contra-senso. Ser-nos apresentado um picante com o nome de Pingo Doce (e não quero fazer publicidade)… parece que todos os picantes hoje em dia são iguais, sabem ao mesmo e dão para tudo.
Não deve faltar muito para que passem a aparecer picantes nas lojas dos chineses. Imaginem um picante “Ninho de Andorinha” ou “Molho de Ostras”…surreal , não?
Parece que agora para além do kit higiene oral que me acompanha … tenho que levar mais um… o kit gastronómico… que inclui picantes e outras especiarias.

MOQUECA DE CAÇÃO (DANE-SE O ACORDO ORTOGRÁFICO)



Moqueca de cação
Andamos por ai a falar do (des)acordo ortográfico. Sem querer avaliar as duas posições tão antagónicas eu digo que deveríamos tentar uma aproximação entre os dois idiomas e deixarmo-nos de merdas, … desculpem-me, queria dizer comissões de avaliação, gabinetes de estudo, etc. Parece que avaliei… desculpem-me.
Apanhei um pequeno roteiro de restaurantes de Moura… terriola do baixo Alentejo, com o devido respeito (www.cm-moura.pt), num passei que fiz uma lista de algumas catedrais gastronómicas que por lá há (http://www.gastronomos.bejadigital.com)
O meu espanto (e imensa curiosidade de voltar a Moura) foi ao folhear o dito prospecto… ter descoberto um mix de duas iguarias que eu adoro. Cação, o que me faz lembrar logo a nossa Sopa de Cação. E a Moqueca… de várias formas … que me leva logo a pensar no Brasil.
Parece-me que esta cozinheira e todos os artistas de cozinha não se importariam se o dito desacordo se torna-se menos desacordado.
Para os mais curiosos segue a receita. Já agora, o dito restaurante chama-se “A Cave” e o telefone é: +(351) 285 251 199
(segue a receita em português do outro lado)

- Postas de cação temperadas
- 3 tomates cortados em rodelas
- 1 1/2 cebolas cortadas em rodelas não muito finas
- 8 ou 9 dentes de alho com casca ligeiramente amassados
- 1 1/2 pimentões verdes cortados em tiras
- Galhos de coentro fresco a gosto
- Galhos de manjericão fresco a gosto
- Galhos de orégano fresco a gosto
- Pimenta dedo-de-moça picada a gosto
- 1 tablete de caldo de peixe esfarelado
- 1/2 xícara (chá) de suco de tomate
- 1/2 xícara (chá) de azeite de dendê
- 1/2 xícara (chá) de leite de coco
- 1/2 xícara (chá) de azeite doce
- Sal a gosto

Para temperar o peixe:

- 4 dentes de alho
- Suco de 1 limão
- Sal a gosto
- Pimenta-do-reino branca moída
- 5 ou 6 postas de cação (dependendo do tamanho)

Montagem:

- Rodelas de tomates (de 5 a 6 rodelas em cada camada)
- Rodelas de cebola (de 3 a 4 rodelas em cada camada)
- Rodelas de pimentão (de 4 a 5 rodelas cada camada)
- Dentes de alho com casca (3 dentes em cada camada)
- Galhos de manjericão, orégano e coentro (de 2 a 3 galhos
de cada erva em cada camada)
- Tablete de caldo de peixe esfarelado
- Pimenta dedo-de-moça (de 2 a 3 pedaços em cada camada)
- 3 ou 4 postas de cação