quarta-feira, 22 de março de 2023

Tome o tempo que precisar para responder, mas avise, por favor

Tome o tempo que precisar para responder, mas avise, por favor


Gestão das respostas aos emails
Tempo..sempre a correr atrás de nós


 

Há emails e emails… há uns verdadeiramente importantes e outros nada importantes. Nos primeiros, os importantes, uns exigem uma resposta pensada e detalhada; outros, nem por isso. Nestes, mate logo o assunto. Responda. A resposta pode ser tão simples como um SIM ou um NÃO. O assunto passa logo para o outro lado e pode até ficar encerrado.

Uma outra razão para matar o assunto: o cérebro está sujeito a falhas de memória  (o cérebro, não nós que somos infalíveis).

Mas voltando aos emails. Há uns que sendo importantes, podem exigir uma resposta mais detalhada, pensada, diplomática, com dados que podemos não ter ainda… ou ainda, num impulso incontrolado da resposta usarmos modos menos polidos.

Em qualquer dos casos apresentados acima, proceda  da seguinte forma: avise que recebeu o email e que responderá em breve.

Vantagens:

- a resposta ríspida pode ser suavizada ou não ser necessária,

- pode pensar em estratégias que venham a favorecer o seu futuro, nomeadamente arranjar parcerias para se colocar  numa posição que pode vir a ser desfavorável caso não faça nada,

- ganha tempo para confirmar os dados que lhe são apresentados e que quer rebater,

- ganha tempo para arranjar argumentos para responder

- dá, obviamente, uma resposta mais pensada.



 

domingo, 19 de março de 2023

Na rota do contrabando do café em Marvão

 

Percurso do contrabando do Café
Galegos / Marvão - Contrabando do café

Na rota do contrabando do café em Marvão

O caminho fazia-se a pé, à noite, e durava até de manhã. Eram 10 km em direcção à fronteira com Espanha com sacos de café às costas, que nem sempre lá chegavam. Calçámos os ténis e seguimos o rasto da clandestinidade do Alto Alentejo.



Durante a ditadura, o café produzido em Portugal não podia sair para Espanha e, portanto, decretou o Estado Novo que qualquer tentativa de o vender por lá seria punida com pena de prisão. Ora isto para quem vivia da venda de café era um contratempo, mas nem por isso um impedimento. Lá encontraram maneira de contrabandeá-lo para o país vizinho, escapando (às vezes, outras nem por isso) às vigias apertadas de guardas e carabineiros que patrulhavam a raia.

De Marvão e das aldeias vizinhas, onde na altura havia meia dúzia de torrefacções em actividade, noite sim, noite sim partiam grupos de corajosos em direcção a La Fontañera com sacos de café cru às costas. O caminho fazia-se a pé, à noite, e durava até de manhã. Eram 10 km em direcção à fronteira com Espanha com sacos de café às costas, que nem sempre lá chegavam. Os homens com os mais pesados, de 60 kg, e as mulheres com os mais pequenos, de 20 kg. O percurso de 10 km fazia-se a pé pela Serra de São Mamede adentro, no breu total, levando geralmente a noite inteira a caminhar. De Espanha trazia-se dinheiro (muito) e todo o tipo de produtos que se pudesse vender nas aldeias – a bombazine, por exemplo, na altura, valia o risco.


O tempo passou e hoje aquele que é conhecido como o “Percurso do Contrabando do Café” no Alto Alentejo virou passeio turístico, apadrinhado pela Câmara Municipal de Marvão, que anualmente organiza uma caminhada comentada na primeira pessoa por quem sobreviveu à clandestinidade. Integrado na Rede de Percursos de Natureza da região, reduziu-se ligeiramente a rota para 6 km, num trajecto fácil que se estima que seja cumprido em cerca de 2h30.

A partida dá-se junto ao cemitério da pequena aldeia de Galegos, segue pelo Monte de Baixo, e já na chegada a Pitaranha é possível avistar a povoação espanhola La Fontañera, onde se fazia a venda e troca de mercadoria. Pelo caminho, há uma subida de 206 metros e uma passagem sinuosa por um conjunto de escarpas que exigem alguma resistência de pernas, mas que valem bem o esforço pela vista desafogada para o castelo de Marvão. Como companhia de viagem, apenas o bosque cerrado de sobreiros, meia dúzia de terrenos agrícolas e um pequeno curso de água. Se fugir ligeiramente da rota, ainda encontra alguns vestígios de uma calçada medieval que chegou a ser usada como trajecto oficial do contrabando mas que entretanto passou a estar nos radares da polícia e obrigou a um desvio pelo meio do mato.

O objectivo desta rota é desbravar terreno, respirar o ar puro, viver um pedaço da História que poucos conhecem e, naturalmente, aproveitar o estar na região para ir conhecer a vila de Marvão (a 12 km de distância de Galegos) e Castelo de Vide, a pouco mais de 15 minutos de carro.

Escrito por 
Nelma Viana