Os vários nomes do Monstro das Bolachas ou a Hidra de Lerna
Dei comigo outro dia a olhar para um cartaz da Rua Sésamo. O espectáculo vai andar por Lisboa….e logo me lembrei do Monstro das Bolachas. Recaída mental para as bolachas de baunilha que tanto gosto ou para o célebre Monstro das Bolachas? Acho que para ambos.
Esta personagem da Rua Sésamo preencheu o imaginário de muitos de nós…em muitos lugares, em várias gerações. Era um monstrozinho inofensivo e simpático, que vociferava “Bolachasssssssss” … mas ele apenas devorava bolachas… ao contrário de outros que andam por aí, a parasitar e a devorar ou sonegar tudo o que apanham, vêm ou bem pior…
Como se sabe, hoje em dia aparecem-nos outros monstros. Falo do suprime e de outros primes e primos. Na verdade, há vários primes e primos que pululam e sugam a nossa sociedade… que aparecem metamorfoseados.
Alguns deles subsistem pelo facto de nós gostarmos pouco de protestar… de comermos e calarmos… de levarmos os nossos protestos apenas ao vizinho do lado ou para dentro de casa, ou seja, de fazermos muito pouco para mudarmos a situação. Também, por sermos uma sociedade onde tudo leva tempo, muito tempo, para se tomar alguma decisão, alimenta o nosso Monstro das Bolachas. Claro que a ausência de uma aposta séria em ensino de qualidade, alicerçada em valores cívicos e sociais, mais uma, vez faz vir à tona os primes, primos e herdeiros nefastos.
É indesmentível que o monstro de hoje tem várias cabeças. Umas delas pensantes, outras menos, mas todas a incomodar (
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hidra_de_Lerna). As suas cabeças podem ter vários nomes….porque não pegar nos nomes dos ministérios e baptizar essas cabeças. Ela pode ser a Saúde, Justiça, Obras Públicas, o Ensino, etc…mas também temos outras menos generalistas, mas presentes no dia-a-dia de todos, tais como: civismo, educação, bom senso, companheirismo… etc. No entanto, estas maléficas cabeças não podem fazer com que tracemos um caminho e tentemos, com mais ou menos desvios de percurso, chegar ao nosso objectivo.
Sabemos que é uma altura de crise. Esta emana de todos os lados…no entanto, convém não esquecer que há quem esteja em crise, entenda-se, desespero desde que nasce até que morre. Falo daqueles que nascem pobres, vivem pobres, morrem pobres… sem nunca conhecerem outro estado e isso passa-se, porventura, na nossa sociedade. Mas falo também do que se passa em África e em outros lugares do mundo… lugares esses onde os primos (ricos) parecem não se incomodar. Eles e nós.
PS: A) Por estes dias saiu a sentença da nossa Senhora “ Fátima de Felgueiras”. Três anos e tal de pena suspensa…Não sei ao certo todos os contornos do caso…mas quero acreditar no velho adágio popular: “não há fumo sem fogo” (http://www.ciberduvidas.com/idioma.php?rid=1499). E aqui parece que o fogo foi extinto indevidamente.
B) Ontem assistimos a uma manifestação de cerca de 120.000 professores. Eles queixam-se de várias coisas. Uma delas é o método de avaliação de carreira. A Ministra diz que não se assusta, que já viveu dias piores. Não sei quem tem mais razão… se este tipo de mensuração faz sentido… uma balança com dois pratos… sei de certeza que quem sai a perder, neste momento, são os alunos.