quarta-feira, 9 de julho de 2014

Lisboa em palavras e imagens - 2

Ao Rio Tejo (séc XVI)

Formoso Tejo meu, que diferente
te vejo a ti, me vês agora e viste;
turvo te vejo a ti, tu a mim triste,
claro te vi eu já, tu a mim contente;

a ti foi-te trocando a grossa enchente
a quem teu largo campo não resiste,
a mim trocou-me a vista em que consiste
o meu viver contente ou descontente

Já que somos no mal participantes,
sejamo-lo no bem. Ó quem me dera
que fôssemos em tudo semelhantes!

Lá virá então a fresca Primavera;
tu tornarás a ser quem eras dantes

eu não sei se serei quem era dantes.

(de autor anónimo)

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