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domingo, 19 de abril de 2015

Tips for life - #99


Great stories happen to people who can tell them — Ira Glass

True. A nossa vida e visão do  mundo é  uma colecção de histórias. Vivenciadas na primeira pessoa ou não.

Começo por uma das mais antigas formas, senão a mais antiga, de passar conhecimento, o Storytelling. Esta transferência de conhecimento, muitas vezes através de gerações,  representa também  forma como olhamos para diversos factos, como decidimos, como influenciamos….e como a relatamos, ou melhor, como a interpretamos.

As pessoas (QUE)  contam e acreditam em histórias semelhantes ou iguais possuem valores semelhantes ou iguais

Uma  história ajuda-nos a criar o nosso NÓS

Aprimore o modo como conta a sua HISTÓRIA. Mesmo que ela leve a conflitos, ajuda a melhorar o seu carácter e é um meio de conseguir atingir os seus objectivos.

Agora, não esteja sempre a acrescentar um ponto à sua história. Os “eles” vão desconfiar.
Nota: Este post é dedicado ao meu pai. Ele era um contador de histórias. Faleceu fez hoje dois anos.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Os livros do meu pai



Doar livros que fizeram sempre parte da nossa vida é uma sensação estranha. É dar, é  dividir… um pouco do nosso passado…

Acabei de doar umas boas dezenas de livros de astronomia pertencentes ao meu pai. O destino foi o observatório de Lisboa, instituto em que o meu pai foi director por muitos  anos. Local que faz parte das minhas memórias

Quem me ajudou nesta tarefa foram dois  estudantes de astronomia. Engraçado ver que iam pegando em alguns livros, uns raros… e comentando…isto, aquilo, com os olhos contentes…conversa polvilhada de várias e boas interjeições.

Recentemente tentei doar uns bons livros a uma junta de freguesia. Muito pequena e sem biblioteca. Resposta obtida: só após as eleições…não sabemos se os novos eleitos quererão receber os livros.

Há quem também esteja contente…e não somos só nós


quarta-feira, 19 de junho de 2013

A minha família - A minha mãe e o meu pai

Pai, faz hoje  dois meses que foste ter com a mãe.
Quero dizer-vos que as coisas por aqui estão a caminhar  bem.  Que não se preocupem.  Que nunca mais perdi ou esqueci-me das chaves.  Que tento não acumular jornais.   Que há uns projectos que parecem querer arrancar. Que continuo a acordar cedo. Que tenho cuidado quando ando de moto.
Outro dia estive em VRSA.  Pena que a mãe nunca tivesse conseguido ir à  nossa casa. Mas vais agora contar-lhe mais pormenores da  VRSA  e da nossa casa.. Como está mudada VRSA, comparando com os tempos em que íamos  lá os três. Lembro-me bem como gostavas de lá
Estive em alguns restaurantes em íamos os dois. O Baixa Mar, em Santa Luzia, foi um deles. Mantive aquela conversa longa com o Paulo. Aquela que ele sempre dedicava a nós.  Ele ficou surpreso com a notícia. Aliás, todos ficaram….viam-te sempre animado com a vida. Aliás, tu e a mãe sempre estiveram bem com a vida. Mesmo quando tudo indicava que ela parecia não estar do nosso lado.
Para além das saudades que vou tendo dos dois, vou lembrando-me do bolo de carne da mãe. Nunca mais comi um assim. Ela não desconfiava. Mas era tão bom que eu fazia sandes com ele. Mas também as sopas que tu fazias. Esta também é uma das novidades…pôr em prática o que está nos vários livros de culinária que temos.
Há mais coias boas…coisas boas que vão acontecer aqui, por cá, comigo.

Um beijo aos dois. Saudades cá de baixo. 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

PAI - Pablo Neruda, in "Crepusculário"


O Pai

Terra de semente inculta e bravia,
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.

Pai, nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.

Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.

Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.

Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.

O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.

Escutarei de noite as tuas palavras:
... menino, meu menino...

E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.

Pablo Neruda, in "Crepusculário"