![]() |
A tesoura de Trump |
“A felicidade da vida depende da qualidade de nossos pensamentos” Imperador Marco Aurélio
Começo por uma imersão na história do século passado.
Refiro-me às interferências governamentais nas universidades durante os regimes de Hitler e Estaline oferecem-nos paralelos históricos perturbadores. Tudo, nessa altura, foi mais extremado, mais violento...
Na Alemanha nazi, Hitler não se ficou apenas por cortes nas verbas — foi direto à purga. Quando chegou a Chanceler, em 1933, as universidades alemãs, até então mundialmente respeitadas, foram forçadas a demitir académicos judeus e/ou opositores políticos. Rapidamente, estas instituições transformaram-se em centros de propaganda nazi.
![]() |
Queima de livros na Alemanha nazi |
Na União Soviética de Estaline, as universidades foram submetidas ao que se pode chamar de uma “revisão curricular”. O mesmo que o "democrata" Putin continua a fazer. Em ambos os regimes, departamentos inteiros foram encerrados, bibliotecas censuradas, e professores não só demitidos, mas muitas vezes enviados para campos de concentração ou para aquela célebre invenção soviética: os Gulags.
E agora, Putin. A interferência nas universidades segue um caminho mais gradual e sofisticado — coisa de quem já foi espião. O controlo não se manifesta por purgas, mas por meios mais subtis: o financiamento está condicionado à lealdade política.
A principal diferença para a situação actual nos EUA é, por enquanto, a escala e os métodos.
Para além do patético questionário enviado às universidades portuguesas, o Nobel da Paz Trump e os seus acólitos pretendem, entre muitas outras medidas:
• Cortes orçamentais e realocação de fundos: a administração propôs reduções significativas no orçamento do Departamento de Educação.
• Uma Ordem Executiva sobre Liberdade de Expressão: Trump alega que as universidades estão a silenciar as vozes conservadoras.
• Restrições aos estudantes internacionais: impôs políticas mais apertadas para a atribuição de vistos de estudante.
É curioso (ou talvez nem tanto) como, por vezes, um governo que apregoa "liberdade" e "inovação" decide que investir no cérebro é um gasto supérfluo. A educação, segundo Trump, parece querer apostar mais em memes do que em física quântica (que, confesso, também não percebo nada)
Espero, esperamos, sinceramente que a história não se repita.
Quando os líderes começam a desconfiar das universidades, dos livros e de quem pensa de forma independente, raramente procura-se e verdade ou a inovação.
É a tesoura a virar-se contra o conhecimento, contra o futuro.
O problema não é só de Trump. É a aceitação e normalização de um discurso que despreza a ciência, que não acredita na educação e levanta a bandeira da ignorância em bandeira.
"This Woman's Work" da Kate Bush é uma música profundamente emotiva e carregada de significado. Foi escrita para o filme She’s Having a Baby (1988) e toca num momento específico e angustiante da história: o parto da personagem feminina corre mal, e o protagonista é confrontado com a possibilidade de a perder.
A conclusão é vossa.
As versões são tão poderosas...que me presenteio com ambas.