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Cacela / Praia do Costa |
Imprevisibilidade
(ou a saudade de um Verão)
Cresci a saber que o dia tem 24h. Que o sol nasce de manhã;
que se põe à tarde.
Que temos 4 estações. Que a boa para ir à praia é o Verão. Que
as férias grandes estavam à porta. Que era a altura em que eu podia jogar à
bola o dia todo. Que o relógio nessa altura apenas tinha o ponteiro do cansaço.
Mais uma série de regras e comportamentos de boa educação que
nos ensinaram em casa, na escola e com as pessoas que nos estavam mais próximas.
Que dentro de certos parâmetros, devemos ter uma vida mais ou menos previsível.
Uns gostam mais de previsibilidade; outros menos. Diferenças saudáveis.
Uns que escrevem com a mão direita; outros com a esquerda,
como a minha mãe. Ela fazia tudo com a esquerda, excepto escrever. Regras do
ensino da altura.
Chegamos aos tempos de hoje. 28 de Maio de 2013. Faz frio e
chove. O governo também diz uma coisa, faz outra e depois reconsidera. O
ministro da economia diz uma coisa: o ministro das finanças faz outra, anulando
a anterior.
O planeamento fiscal não existe. O que se vai passar em 2014
…não se sabe ainda. Tampouco se sabe o que vai ser o final deste ano (bem pior ou não). Que a gasolina sobe e desce em todas as
insígnias e na mesma altura. Que se percorre autoestrada e o combustível,
curiosamente, tem os preços iguais em todos os postos.
Na final da taça de Portugal de futebol os jogadores de uma
equipa parecem não conhecer o nosso presidente. Não o cumprimentaram na entrega
das medalhas da sua honrosa presença (digo isto sem qualquer humor). E que o director da respectiva federação nada fez para
remediar a gaffe. Talvez porque o nosso presidente actua na sua, muito própria,
twilight
zone. Acrescento também que alguns comentadores de futebol que a TV apresenta
tinham lugar nos circos romanos. Para serem comidos pelos leões (sem qualquer
referência ao meu clube). Só para aquecer a multidão.
Por outro lado, temos o Zezé Camarinha e o Castelo Branco, entre
outros, a entrarem-nos pela televisão a
dentro. Ao que acrescento, a darem-nos conselhos de vida. E há quem os escute e
siga.
Não vejam nisto uma saudade da minha parte das políticas do
passado (só do tempo em que o Sporting ia ganhando uns campeonatos). Apenas
tenho dificuldade em reconhecer qualquer tipo de mérito àqueles (alguns ou muitos)
que mexem os cordelinhos na nossa sociedade.
A isto tudo junto o medo que tenho ao saber que eles, os
tais dos cordelinhos, podem ter mais uns 15 a 20 anos de esperança de vida no
activo. Hoje li que a esperança de vida anda pelos 80. Pior, já andam a deixar descendentes, como
Batman e Robin.
Isto tudo deve ser por estar a ficar mais velho.
Sudades do Verão